Musica

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Começo

Fecharam as janelas, cerraram as portas , cuspiram sangue e continuaram.
Levantei-me mais uma vez, ou nunca cheguei a cair. Permaneci assim intacta como a maioria das pombas que nas ruas deixam os seus dejectos ou simplesmente cagam. Em redor não se encontrava nada, ou talvez eu estivesse cega e simplesmente não visse nada. Vi mais um deles e levantei o olho como sempre mostrando uma falsa avareza.
Desta vez não cuspiu de maneira sangrenta, recolheu o nielo, aquele nielo de que ninguém se orgulha.
Não se trata de agnosticismo, ou talvez se trate… Não tenho conhecimentos suficientes e plausíveis para avaliar a situação, por outro lado, tenho para criticar.
Continuei. Confesso que me doíam tremendamente os pés, provavelmente seria de pisar na merda das pombas, ou na merda que os homens deixam. Mas se me dessem a escolher entre a dor de pés e a dor da mão direita , era sem sombra de dúvida indubitável que escolheria a dos chatos.
Prolonguei a curta caminhada e vi-o. Estava a usar um vestido. Depois reparei que eu estava apenas a alucinar e não liguei. Mas ele veio na minha direcção atirando-me com um sapato de mulher gritando “ NÃO TE RIAS”. Obviamente que não tencionava rir dos meus devaneios, muito menos rir sozinha.
A visão parou , parou o Órgão musculoso, parou o centro da circulação do sangue
Terminaram os Sentimentos.
A Sensibilidade, afeição, amor, acabou, a consciência foi-se, não conheci a coragem nem o valor. Calou-se a voz secreta calou-se o centro , calou-se a cerne .

Morri.

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