Musica

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Ninguém vai ler isto.

Não tenho vontade de dizer o meu nome, mas se isso porventura faz alguma diferença nas vossas vidas chamo-me Alves. E chamam-me de Joana, Joana Alves.
Faço assim a minha apresentação rápida e sem muitos apetrechos. Assim quero ser eu, eficaz e natural, apenas para mim. Só para mim.


Se não conseguir viver comigo, não conseguirei viver com nenhum de vós.


Por isso luto diariamente, para esmagar as minhas erradas convicções e os meus tristes enganos. Falo comigo, discuto comigo, porque quero conhecer-me, quero saber quem sou, com ou sem tretas.
Sou um livro, com páginas cheias. Aberto na página 44 onde tudo começou, onde encontro aquilo que um dia procurei. Vivo, para que esse livro, possa ser digerido por mim própria, para que a minha auto perfeição chegue por fim. Sou assim mais uma parte do tudo, feito a partir do nada , que através de uma modificação genética ou quem sabe ética tudo modificou. E assim se expandiu o meu dever de auto-suficiência, não deixando cair as forças que me fazem viver, todas elas ,mesmo a da mais pequena dimensão .
O livro continua aberto, na página 44 , onde ninguém se importou, onde a capacidade de verificação foi forçada a estar calada , ficando palidamente impávida encostada num canto, graças a essa não ligação com o verdadeiro mundo que em mim vive sinto-me insaciável de vida, de movimento, de força, de coragem, de partida, de cor, e especialmente de sonhos ou realidades tornadas momentos.
Fico assim dentro de mim, dentro de um corpo que não sou eu, apenas um ser, uma colectânea de células em movimento exercendo capacidades respiratórias. Talvez um dia o pedestal que em mim vive, seja suficiente para matar a sede perante o pedestal que quero encontrar.

Sem comentários:

Enviar um comentário